Quase como um anúncio no
principal caderno dos jornais. Um apelo emocional. A manchete da semana:
“Procura-se um amor que goste de Chico”. Digno da presença de orixás, sermões
de pastores, passagens bíblicas, coincidências mitológicas ou até mesmo a total
descrença na fantasia. Veja que não procuro diplomas vazios e corpos letrados.
Não fantasio com a total fidelidade e obediência de alguém, mas sim que escute
e entenda Francisco Buarque de Holanda. A confiança que deposito em alguém
assim é assustadora.
Uma pessoa assim entende, mesmo
que sem querer, muitas coisas das quais outros acabam se afastando. Entende a profundidade
da entrega, o abismo da perda, o breu da solidão. Sente seus membros amputados
arrumando o quarto de um filho que já se foi, como um revés de um parto.
Coleciona retratos em preto e branco, sonetos e sabe meus segredos decorados. Quero
aquela pessoa que perde o sono na espera de que nosso tempo seja consumido até
que o amor caia doente. Saia pelas ruas
de bar em bar desesperado com a minha ausência, mas com a certeza da minha
chegada. Compreenda como sofrem os marginalizados, aqueles que por falta de
escolha tornam-se nossa gente humilde e nossas Bárbaras. Perca a noção da hora, confunda nossas pernas, tenha os meus seios
em mãos e queime seus navios.
Saiba admirar as nossas carolinas
que adormeceram e não veem o tempo passar.
O perigo que é viver com as beatrizes e suas paredes de giz. As ritas que deixaram mudos os violões. Angélica, Nina e lígia. Todas em busca de um
novo amor.
Tenha a noção que vivemos em um
país que está em construção e espera por um grito de que vai passar. País este
sufocado pela eterna dúvida do que se passa pelos becos da democracia que tanto
faz com que nossos políticos enriqueçam cada vez mais e ainda pede para que
deus lhes pague. Saiba que toda essa gente quer no seu destino mandar e não
mais precisar de tanto mar para nos separar da decência. Uma gente enojada com as mãos sujas de uma
democracia porca. Alguém que sinta em
Deus uma grande vaidade, um narciso disfarçado de bom moço que nos apresenta os
vales onde brota o leite e o mel, mas estes já são de Deus. Nunca, em momento
algum, esqueça que já fomos o país das sinhás, em que se apagaram as luzes de
muitos. Cuspa em seu cálice e ofereça aos que dominam o
zepelim, pois nossas Genis estão fartas.
É com açúcar e com afeto que
procuro o meu amor, para que nos tornemos futuros amantes.
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